sábado, 12 de janeiro de 2013

Não é prisão!

O jornal O Globo deste sábado traz uma artigo, assinado por mim, sobre a luta que travei contra o crack e a favor da vida de tantos jovens viciados, que podem ter a chance de se livrar dessa droga devastadora. Alguns já estão conseguindo vencer essa batalha. Compartilho aqui a íntegra do texto.

JORNAL O GLOBO - Sábado, 12/01/2013

Quem já esteve numa cracolândia e já viu as pessoas que ali circulam, pode dizer que viver nesse completo estado de degradação não é uma escolha consciente. Em pouco tempo, o usuário vira escravo e faz de tudo para se drogar. Abandona a família ou é abandonado por ela. Ele perde a liberdade de decidir. O dependente químico é um doente que necessita de atenção e atendimento especializado porque já está sentenciado à prisão sem grades, determinada pelo uso das drogas E a internação compulsória, na maioria das vezes, é a única possibilidade de vida. 

Há quase dois anos, a prefeitura do Rio adota o abrigamento compulsório como uma das chances para livrar crianças e adolescentes do vício. Dos 785 acolhidos, 247 eram de outros municípios, 151 completaram a maioridade, 133 já estão escrevendo uma nova história em suas vidas. Além deles, outros 123 permanecem, atualmente, nas unidades especializadas em busca da oportunidade de ficar longe da pedra. 

Dados de novembro de 2012 mostram que o trabalho está no caminho está certo. As craco-lândias perderam 12 usuários para o esporte. Meninos de 11 a 17 anos, que viviam para o crack, hoje são atletas medalhistas de judô. Dez estão no Projeto de Iniciação à Capacitação para o Mundo do Trabalho. Mais dois trabalham como aprendizes de gráfico na Imprensa da Cidade. E sete estão aguardando o processo de capacitação. Dos que estavam nas ruas, 61 já voltaram para o convívio das suas famílias. Quatro foram transferidos para o Programa Família Acolhedora. Outros 37 trocaram qs abrigos especializados por outras unidades da rede municipal e estão de volta à vida saudável, estudando e fazendo cursos profissionalizantes. 


Deixar esses jovens nas cracolândias esperando que resolvessem se tratar por livre vontade poderia ser melhor? A internação compulsória não é prisão! É uma oportunidade de o indivíduo sobreviver e retomar o controle sobre sua vida.

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