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Reprodução do Jornal Extra de 11/01/2013 |
Se estivesse em uma das unidades de abrigamento compulsório
da Prefeitura para usuários de crack, Rafael, de apenas 10 anos, que morreu
atropelado na manhã de ontem, às margens de uma cracolândia na Av. Brasil,
talvez estivesse vivo e lutando para se livrar do vício.
Ontem, no
enterro do menino, a mãe disse: “Meu filho só fumava um baseadinho”. É “normal” uma
criança de 10 anos “fumar um baseadinho”? Ela é viciada, o pai também era e foi
morto por causa de drogas. A morte de Rafael era uma tragédia anunciada. E aí
eu pergunto: numa família assim, esse garoto iria se tratar voluntariamente? É
claro que não.
A questão
do crack é uma tragédia sem procedência. Desde o dia que entrei na Secretaria de Assistência Social da Prefeitura (SMAS), o
combate ao crack foi uma prioridade. Implantei uma medida pioneira, que foi a
internação compulsória de crianças e adolescentes.
Os jovens acolhidos nas cracolândias são encaminhados a uma das Centrais de Recepção da SMAS, onde
passam por uma triagem para avaliar o grau de comprometimento com as drogas. Se
for identificada necessidade de abrigamento compulsório, eles seguem para a
rede de abrigamento especializado da SMAS, por onde passam por uma avaliação clínica
e psicológica.
Durante esse período, é
feita a reaproximação com os pais e responsáveis, sempre com a supervisão de
psicólogos e assistentes sociais, até a reinserção definitiva à vida social.
Esses
filósofos
de sofá que são contra a internação compulsória ficam trancados
no ar-condicionado. Nunca foram a uma cracolândia. Eu fui a várias,
muitas vezes. E posso
provar que já salvamos muitas crianças e adolescentes do vício com o
abrigamento compulsório. Um bom exemplo disso é que , atualmente, temos
12 meninos, que viviam sob o efeito do crack nas comunidades do
Jacarezinho e Manguinhos, que estão livre das drogas e são atletas
medalhistas de judô.
A
internação compulsória não vai resolver todos os problemas, mas a gente tem que
tirar essa gente de lá.